O estofador

O belo Berlioz é lindo. É fofo. É vesgo e carinhoso.
Mas destrói estofados que é uma beleza.

Como sou uma noiva-metida-a-perfeita, resolvi trocar os estofados para chegar ao dia do casamento com a casa nos trinques. Uma amiga indicou um estofador ótimo, segundo ela.

Liguei pro cara, ele foi lá, orçou, levou meu sofá e minhas poltronas embora. Em 15 dias ficaria pronto. Um mês depois dos tais quinze dias jacaré devolveu o sofá? Nem ele.

Cansado de ver TV sentado no chão, Noivorido ligou pro cara ameaçando. Mais quinze dias, e o sofá tava lá em casa. Fim da novela? Quem me dera!!!

O sofá que eu tinha era lindo. Me acompanhava desde os tempos de cafofo. O sofá que eu tenho agora é horroroso. Torto, mal costurado, duro. Uma droga. Eu acho que ele trocou o enchimento. Só pode ter sido isso.

E as poltronas? Bom, eu as pedi em chemile mostarda. Ele fez em courino branco. Quase não se nota a diferença.

E veio sujo.
E veio torto.
E veio rasgado.

Liguei, xinguei, esbravejei.
Agora ele não atende mais minhas ligações.

Conformei. Quando terminar de pagar o casamento, contrato outro estofador pra consertar minha sala. Até lá, sofá tosco é melhor que sofá nenhum. Ô vida.